sexta-feira, 11 de maio de 2012

Konstantinos Kaváfis, do livro "Reflexão sobre poesia e ética"


Da impressão, ou pouco depois dela, surge o poema.
A impressão - sensual ou intelectual - era viva e sincera: o poema (não forçosamente porque ela o fosse, mas por uma feliz coincidência) também é belo, vivo e sincero. O tempo passa. A impressão - seja pelo concurso de outras circunstâncias antes desconhecidas, seja pelo desenvolvimento das coisas ou pessoas que a suscitaram - parece agora vã e risível. Assim também o poema. Não sei se isto é justo. Por que deslocar o poema na atmosfera de 1908? (Ainda bem que os poemas são muitas vezes crípticos*; podem assim acomodar-se a outros sentimentos ou circunstâncias conexas).

* - adj (cripta+ico) 1 Biol. Que vive em cavernas. Pertencente ou relativo a cripta (acepção 4). 3 Secreto, oculto, escondido. 4 Enigmático, misterioso, obscuro.

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