sábado, 1 de dezembro de 2012

Cecília Meireles, "Pardal travesso"


Este pardal travesso
pia toda a manhã com fome exagerada.

Mesmo assim pequeno,
tenta voar dos galhos,
e salta desajeitado
entre as plantas baixas.

Assusta-se com qualquer ruído,
foge aos pulos pelas sebes,
e, quando encontra uma poça de água,
faz movimentos de nadador medroso.

À tarde, espreita para todos os lados,
desce da árvore, espaneja-se na areia,
rápido, assustadiço,
pronto para a evasão.

Vai pulando,
inquieto com a sua travessura,
sobe de galho em galho,
até sentir-se em segurança.

Põe-se então a sacudir as areias das penas,
como as crianças limpando os bolsos dos aventais.


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