domingo, 31 de março de 2013

John Keats, trecho do poema "Endymion"


(Esta postagem é para a minha amiga K. do Incompletudes
http://incompletudes.wordpress.com/ )


O que é belo há de ser eternamente 
Uma alegria, e há de seguir presente. 
Não morre; onde quer que a vida breve 
Nos leve, há de nos dar um sono leve, 
Cheio de sonhos e de calmo alento. 
Assim, cabe tecer cada momento 
Nessa grinalda que nos entretece
À terra, apesar da pouca messe*
De nobres naturezas, das agruras, 
Das nossas tristes aflições escuras, 
Das duras dores. Sim, ainda que rara, 
Alguma forma de beleza aclara
As névoas da alma. O sol e a lua estão 
Luzindo e há sempre uma árvore onde vão 
Sombrear-se as ovelhas; cravos, cachos
De uvas num mundo verde; riachos 
Que refrescam, e o bálsamo da aragem 
Que ameniza o calor; musgo, folhagem, 
Campos, aromas, flores, grãos, sementes, 
E a grandeza do fim que aos imponentes 
Mortos pensamos recobrir de glória,
E os contos encantados na memória: 
Fonte sem fim dessa imortal bebida 
Que vem do céu e alenta a nossa vida.

* messe - colheita

Tradução de Augusto dos Campos.


Um comentário:

  1. Keats...

    lindo, triste, mas com uma corda de salvação.

    obrigado João. É lindo. Vou guardar comigo com carinho. Assim como guardo você.

    beijo.

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