segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mario Quintana























"A Minha mensagem"

         A minha mensagem? Nenhuma. Não sou moço de recados. Aliás por que você não se deu ao trabalho de ler os meus versos antes de entrevistar-me?
Se os conhecesse, lembraria certamente aquele que diz:
"Um poema sem outra angústia que a sua misteriosa condição de poema."
Talvez dê, este claro e misterioso verso, a pensar que o poema é algo exterior ao poeta, uma realidade objetiva - e não relativa ao sujeito que a expressa.
É o que eu creio e receio.
Porque nisto de fazer poemas o que há, para mim, é uma necessidade de expressão e não de comunicação.
Tanto assim que, se eu descobrisse um dia que era a única criatura restante sobre a face da Terra, empregaria o meu longo lazer não necessariamente a cantar a minha situação única, mas a refazer aqueles meus poemas que não me parecessem ainda ter recebido um adequado tratamento expressivo, isto é, o devido trabalho técnico, ou os que, de tão indizíveis, não me animei até agora a defrontar.
E é isto que da um terrível sentido aos trabalhos do Poeta, uma enorme responsabilidade em face da Esfinge.

 

Um comentário: