quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Antonio Cicero, "Huis Clos"


Da vida não se sai pela porta:
só pela janela. Não se sai
bem da vida como não se sai
bem de paixões jogatinas drogas.
E é porque sabemos disso e não
por temer viver depois da morte
em plagas de Dante Goya ou Bosch
(essas, doce príncipe, cá estão)
que tão raramente nos matamos
a tempo; por não considerarmos
as saídas disponíveis dignas
de nós, que em meio a fezes e urina,
sangue e dor nascemos para lendas,
mares, amores, mortes serenas.

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