sábado, 21 de setembro de 2013

Eugénio de Andrade, "Pudesse o corpo e seu desassossego..."


Pudesse o corpo e o seu desassossego
acabar antes do verão
a casa, pôr sobre a mesa
o pão, no cimo do telhado alguma flor.

Encosto o rosto ao chão,
o olhar magoado não regressa,
nenhum amigo,
nenhuma voz se levanta acesa.

Aceito estar aqui - só um rumor
rente à relva,
a chuva, os seus pés friorentos,
a chuva me fará companhia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário