sábado, 15 de novembro de 2014

Bruno Tolentino, "À terra provisória"


   Adeus cimos e vales e veredas,
e bosques e clareiras e campinas
soltas ao vento, sacudindo as crinas
das espigas de sol na luz de seda.
    Adeus troncos e copas e alamedas,
esmeraldas selvagens que as neblinas
salpicavam de prata, adeus colinas
que iam subindo como labaredas.
    de cobalto no ar...Adeus beleza
irrepetível, que me viu nascer
e toca-me deixar: a natureza
também é feita de deixar de ser,
    e eu levo agora a sombra e deixo a presa
à inevitável luz do amanhecer.

Nenhum comentário:

Postar um comentário