sábado, 29 de novembro de 2014

Eugénio de Andrade












"Com um verso da ceifeira"

Escrevo para fazer da luz
velha dos corvos
o limiar doutro verão.
Nenhuma sombra por mais nefasta
perturba o meu olhar:
tenho quinze anos, ao espaço
quadrado do pátio
regressa o canto das cigarras.
Com o sol à roda da cintura
o corpo deixa de ser hesitação,
corre ao encontro da água
ou doutro corpo, e canta,
canta sem razão.

Eugênio de Andrade refere-se poema "Ela canta, pobre ceifeira" de Fernando Pessoa, postado ontem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário