segunda-feira, 20 de julho de 2015

Jorge Luis Borges, "A Luis de Camões"


Sem pena ou ira o tempo menoscaba
As heroicas espadas. Pobre e triste
À nostálgica pátria retornaste,
Ó capitão, para morreres nela
E com ela. No mágico deserto
A flor de Portugal fora perdida
E o áspero espanhol, antes vencido,
Ameaçava seu costado aberto.
Quero saber se aquém desta ribeira
Última compreendeste humildemente
que quando foi perdido o Ocidente
E o oriente, a têmpera e a bandeira,
Perduraria (alheio a toda humana
Mudança) em tua Eneida lusitana.

Tradução de Rolando Roque da Silva

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