sábado, 29 de outubro de 2016

Adriano Espínola, "Meio-dia"


O sol galopa fogoso
sobre os telhados.

Árvores transpiram 
pensativas.

A calçada,
castigada,

estende ao sol
sua palma de cimento.

A praça se encolhe
à sombra dos abrigos.

Pernas viajam
para o centro do dia.

Um homem dobra
seu suor
numa esquina.

Buzinas
retalham
o perfil dos edifícios.

Sensação de abandono amarela.

Bebo,
sob a marquise,
um copo de sombras.

Fortaleza corre para os terraços,
para o sol
esquivo da hora
enorme do almoço.

(O calor das coisas
a pino

remodela
o rosto do invisível.)

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