sábado, 8 de outubro de 2016

Lúcio Cardoso, "Nauta"


Do ventre da baía nasceram garras,
Verdes mãos de sargaços, em sol aberto
Ao sopro suplicante das amarras,
As velas ululantes do incerto.

Se é sangue de algas esparsas em jarras
À espera do artista, mas desperto
Ao espanto da brisa, entanto esbarras
E às trevas, então, o verso oferto.

De novo os vagalhões, as nuvens alçam
As garras se alongando tocam os astros,
E as velas desfraldadas aos mastros.

Pássaros pelo céu afora valsam
Ritornellos, uivantes véus descalçam
O sonho dos tritões, o éter dos rastros.

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