quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Ivo Barroso, "O filho pródigo"


Dentro da casa havia aquela morna
adulação dos olhos dos parentes
e o filho que chegava da distância
de muitos desalmados contratempos
parou na emudecida plenitude
da aceitação do gesto de quem fica
e adormeceu em seus umbrais sonhando
o sonho bom de quem não vê caminhos.
Mas na ronda de muitas outras tardes
sentiu que o teto lhe pesava aos ombros
e notou nos olhares da chegada
o já pressentimento da partida.
   E voltando nos passos do que veio
   já não era quem vai, mas quem retorna.

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