segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eugenio Montale



"O que de mim soubeste ..."
O que de mim soubeste
não foi mais que a aparência,
a túnica que reveste
nossa humana aventura.

E talvez além do pano
o azul tranquilo estivesse;
tapava o claro céu
um simples sigilo.

Ou era de fato a estapafúrdia
mudança de minha vida,
o abrir-se de uma terra
incendiada que jamais verei.

Restou assim esta casca
minha real substância;
o fogo que não se amortece
para mim chamou-se: ignorância.

Se divisas uma sombra, não é
sombra - mas eu próprio.
Pudesse arrancá-la de mim
e te ofereceria de presente.


Tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti

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