quinta-feira, 17 de junho de 2010

Alejandra Pizarnik, "Anéis de Cinza"

São as minhas vozes cantando
para que não cantem eles,
os amordaçados tristemente na aurora,
os vestidos de pássaro desolado na chuva.

Há, na espera,
um rumor de lilás rompendo-se.
E há, quando vem o dia,
uma partição do sol em pequenos sóis negros.
E quando é de noite, sempre
uma tribo de palavras mutiladas
procura asilo na minha garganta
para que não cantem eles,
os funestos, os donos do silêncio.

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