Por onde passo sem cantar, já canto
Com a voz que hei-de ter.
O meu silêncio é sempre
O avesso dum verso
Ainda condenado
Ao purgatório do indefinido...
Só quando ali estiver purificado
Poderá ser ouvido.
Ouvido por alheias criaturas.
Eu,
Vítima, algoz e tronco de tortura,
Oiço o trovão
Antes da trovoada...
E arrasto, portanto,
A cruz futura do futuro canto,
Mesmo quando parece muda a caminhada.
segunda-feira, 28 de junho de 2010
Miguel Torga, "Moto Contínuo".
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