terça-feira, 8 de junho de 2010

Manuel Bandeira, "Nova Poética"

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito com a roupa de brim branco muito bem engomada,
             [ e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe
                                                        [o paletó de uma nódoa de lama:
É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens
         [cem por cento e as amadas que envelheceram
                                                                                          [ sem maldade.

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