Deponho no processo do meu crime.
Sou testemunha
E réu
E vítima
E juiz.
Juro
Que havia um muro,
E na face do muro uma palavra a giz.
MERDA! – lembro-me bem.
– Crianças……
– disse alguém que ia a passar.
Mas voltei novamente a soletrar
O vocábulo indecente,
E de repente
Como quem adivinha,
Numa tristeza já de penitente
Vi que a letra era minha…..
sexta-feira, 21 de janeiro de 2011
Miguel Torga, "Depoimento"
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