Dêem-me um anestésico. A vida dói e arde.
Não sei controlar meus impulsos demoníacos.
Não acredito em forças de outro mundo.
Sou eu, meus versos e o perigo das frações.
Arranco minhas vísceras poéticas do ostracismo.
Trezentos dias e cinqüenta noites marianas.
O caracol de meus cabelos caídos no chão de espelhos.
O sangue e os olhos transformados em areia cinza.
A árvore sem galhos esconde os meninos saltimbancos.
Foi-se o tempo em que se acreditava nas histórias ditas.
Sempre começo pelo meio e jamais olho para os lados,
enquanto rio e sufoco meu próprio rosto turvo.
Minha maquiagem, os primeiros tombos das gaivotas.
Atiro farpas e pragas para antigos e mórbidos desejos.
A torre delirante de um neocórtex em latência,
ou o pedúnculo, ou o miocárdio, ou o octocentésimo.
Quatro poemas nos espaços angustiados do processo.
Sou eu? Sou ateu? De que me valem as respostas?!
As idéias me levam ao eterno estado de castidade
entrelaçado neste puro estado de sonho e malogro.
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