E esse velho e atroz poema?
Quem acaso o arquitetou?
Que mão sem braço o escreveu?
Que Leonora o mereceu?
Que mulheres vivem nele?
Que loucura o escureceu?
Ó tecido de memórias
recuadas de meu tempo
que a eternidade comeu!
Ó noites claviculares,
epopéia sem guerreiro,
humana sobrevivência
das lembranças recalcadas,
cem avós en cada cântico
prévio nunca amanhecido.
Deixai-me nele.
sábado, 2 de julho de 2011
Jorge de Lima, Poema XIII do Canto VII- Audição de Orfeu, da INVENÇÃO DE ORFEU.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Poeta erudito, filosófico e metafísico, Jorge de Lima, em Invenção de Orfeu, surpreendeu sua geração. Sua poesia dessa fase foge aos modelos pregados pelo modernismo.
ResponderExcluirCaro Anônimo,
ResponderExcluirAinda que eu já tenha lido algumas explicações e interpretações da "Invenção de Orfeu", confesso que não consigo apreender "o todo" do poema.
Acho que, talvez, ele só exista como poesia, mas de uma forma "irrelacionada" com o real ou com o racional (o que nem é um defeito, mas é uma radicalização).
Mas se não apreendo o todo, acho fantásticas algumas partes.
Abraço,
JR.