sábado, 23 de julho de 2011

Miguel Torga











"Penélope"

Ulisses desterrado
No mar da vida,
Digo o teu nome e encho a solidão.
Mas pergunto depois ao coração
Por quanto tempo poderás ainda
Tecer e destecer a teia da saudade ...
Vê se não desesperas
E me esperas
Até que eu volte, e à sombra da velhice
Te conte, envergonhado,
A indignas façanhas
Que cometi
Na pele do semi-deus que nunca fui…
Sê tu divina, de verdade, aí,
Nessa ilha de esperança,
Fiel ao nosso amor
De humanas criaturas.
Faz que seja bonito
O mito
Das minhas aventuras.

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