quarta-feira, 31 de julho de 2013

Jorge de Sena













"Gênesis"

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
Pois nasce e morre a cada madrugada.

Nem de existir, que é vida atraiçoada,
Para sentir o tempo andar comigo;
Nem de viver; que é liberdade errada,
E foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça... - Ai quantos que eram novos
Em vão a esperaram, porque nunca a viram!
E a eternidade... Ó transfusão dos povos.

Não há verdade: o mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.

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