quinta-feira, 11 de julho de 2013

William Shakespeare, "A um dia de verão como hei de comparar-te..."


A um dia de verão como hei de comparar-te?
Vencendo-o em equilíbrio, és sempre mais amável:
Em maio o vendaval ternos botões disparte,
E o estio se consome em prazo não durável;
Às vezes, muito quente, o olho do céu fulgura,
Outras vezes se ofusca a sua tez dourada;
Decai da formosura, é certo, a formosura,
Pelo tempo ou o acaso enfim desadornada:
Mas teu verão é eterno e não desmaiara,
nem hás de a possessão perder de tuas galas;
Vagando em tua sombra o Fim não te verá,
Pois neste verso eterno ao tempo tu te igualas;
   Enquanto o homem respire, e os olhos possam ver,
   Meu canto existirá, e nele hás de viver.

Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos


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