quarta-feira, 17 de julho de 2013

Kóstas Ouránis












"A minha vida"

A minha vida toda, nostalgia só e anseios!
Ora eu palácios de quimera edificar queria,
ora então, como rosas, desfolhar meus pensamentos
sobre a tumba do que passa - e de viver me esquecia.
Os anos me correram como areia pelas mãos,
pelos meus dedos sonhadores, e a alma dolorida,
na hora de outono em que os sinos puseram-se a tocar,
viu cair inexorável a Noite em minha vida.
Sou como uma casa de marujos à beira-mar,
cujos homens sumiram juntamente com os barcos;
quando sopram os ventos durante as noites de medo,
suas mães e irmãs, todas elas vestidas de negro,
inclinam as cabeças silentes, apavoradas,

como se ouvissem bater na porta há tanto fechada.

Tradução de José Paulo Paes

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