sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Henriqueta Lisboa, "A face lívida"


Não a face dos mortos.
Nem a face
dos que coram
aos açoites
da vida.
Porém, a face
lívida
dos que resistem
pelo espanto.

Não a face da madrugada
na exaustão
dos soluços.
Mas a face do lago
sem reflexos
quando as águas
entranha.

Não a face da estátua
fria de lua e zéfiro.
Mas a face do círio
que se consome
lívida
no ardor.

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