quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Lúcio Cardoso











"Revolta"

Ainda agora é de ti que me lembro,
é a tua voz que sinto no escuro do sangue,
esperança que se dilui no pó das madrugadas...
Tantas vezes outrora ante a porta fechada,
conheci o martírio das horas vazias,
paisagens recuadas do meu desespero...
Quem ousaria fixar o astro que me guia,
neste grande céu do meu destino?
(Oh, luz da manhã que se levanta longe,
nos brancos caminhos da hora renascida,
repouso, inacessível, imaterial repouso!)
Sou equação de um mundo povoado de erros,
sou berço em que fermentam escuros limos
de almas há cem anos votadas ao silêncio.
Junto a mim flutua a fria maldição
e lento se reanima o ódio - invisível chama.
Mas ódio e maldição, tudo que ruge
ao longo destas horas de tormenta,
eu atiro a teus pés, arrojo à tua Face,
para que me faças a presa do teu castigo
ou da tua Graça.


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