sexta-feira, 20 de novembro de 2015
Miguel Torga, "Súplica"
Não digas, nunca, musa,
Por quantos versos reparti o pranto
Que chorei neste mundo.
Não contes
Os mil segredos que te confiei
nas horas do abandono.
Não reveles à vida
O amor que lhe tive
E de que foste a única confidente.
Perdição consciente,
Que mais ninguém me veja
Nesta triste nudez de sonhador.
Que o teu silêncio seja
O meu pudor.
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