quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ivo Barroso, "Ronda das minhas quatro volúpias"


A tua boca se abre como um fruto rasgado ao meio
- escarlata e purpurina -
pomo de ouro dos jardins de Hespérides
granada dos milenários pomares babilônicos
maça dos primeiros dentes paradisíacos do pecado

Os teus seios possuem a arrogância das quilhas
demandando a sombria terra dos Latófagos
esporão guerreiro dos vikings legendários
proa aprumes de Argonautas
- Cólquida -
no mar Tritão, no mar antro e sorvedouro
E ó Mitilene, ó Lesbos, ó desgraçado amor
que assim tão forte nos atém às ilhas,
teu sexo
- ó concha e nácar, ó coral e escama -
pontificando entre as mediterrâneas
os jogos de púbis e fálus

E - angra, falésia, morno recorte e ondulação
                 de montes -
o vale, ó nádegas, na erótica reentrância dos lóbulos
dividindo as róseas carnaduras - Fídias -
ó cidades antigas que as vozes do Senhor petrificaram.

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