segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Mário Faustino, "Alma que foste minha"


Alma que foste minha,
desprendida de meu corpo e de meu espírito,
leque de palma sem raízes, sem tormentas,
que gênero esta noite te distingue,
que metro te organiza, por que dogmas,
que signos te orientam - rumo a que?

- Mestre, qual é o sexo das almas?

Desmarcada e sem cordas
alma que foste minha
sem cravos e sem espinhos
que trigo milenar te mata a fome
            divina        
que pirâmide encerra tua essência
            nudíssima
que corpo te defende de ti mesma
            do espaço
que idade, quantas eras, contra o tempo
            alma anárquica
desmarcada e sem cravos
sem precisão de estar
            ou de ficar
- Que te vale Bizâncio?
            ou de mudar
ou de fazer, ou de ostentar
- Que te vale este verso?
            apoética, absurda
como chamar-te alma, de quê, quando,
para que, alma de morto, para onde?

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