quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Alexei Bueno, "Rondó"


Selva de corpos, xadrez de ruas,
Casas, auroras, mulheres nuas,
Mais tudo que sofras ou fruas,
          Ao fim, o que
          Dizem? Por quê?

Ou para quê? Para que o empório
Da vida, o espólio contraditório,
Pernas, velórios, taças, casório,
          Para quê, se
          Só há aí por quê?

E ao fim, enfim, no assim do crepúsculo,
O estupefato tempo minúsculo
Que resta ao rubro e cansado músculo
          De bater, e
          Soar: por quê?

Tudo, que é tanto, nele, o segundo
Final, é nada. Só, bem no fundo
De si, sem lastro, é que explode o mundo,
         E, ainda, então, lê
         Ígneo, por quê?

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