quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Antonio Francisco da Costa e Silva, "A aranha"


Num ângulo do teto, ágil e astuta, a aranha,
Sobre invisível tear tecendo a tênue teia,
Arma o artístico ardil em que as moscas apanha
E, insidiosa e sutil, os insetos enleia.

Faz do fluido que flui das entranhas a estranha
E fina trama ideal  de seda que a rodeia
E, alargando o aranhol, os elos emaranha
Do alvo, disco nupcial, que a luz do sol prateia.

Em flóculos de espuma urde, borda e desenha
O arabesco fatal, onde os palpos apoia
E tenaz, a caçar os insetos se empenha.

Vive, mata e produz, nessa fana enfadonha;
E, o fascinante olhar a arder como uma joia,
Morre na própria teia, onde trabalha e sonha.

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