sábado, 19 de novembro de 2016

Luís Antonio Cajazeira Ramos, "Esconde-esconde"


Sob a sombra dos pais e das casas,
descobriam, com pernas trementes,
como as curvas do corpo eram quentes
e a inocência da vida era ousada.

Bolinavam seus próprios brinquedos,
mutuamente esfregavam seus dons,
todos juntos no jogo, ou só dois:
mais desejo, mais perto, mais beijos.

O segredo dos cúmplices nus
desafiava padrões e tabus
de seus pais, que esqueceram de tudo:

já não sabem brincar de casinha;
não notaram na vida a poesia
e pecaram por serem adultos.

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