Republico um poema do poeta Ferreira Gullar, morto ontem, às 10 horas da manhã.
"Despedida"
Eu deixarei o mundo com fúria.
Não importa o que aparentemente aconteça,
se docemente me retiro.
De fato
nesse momento
estarão de mim se arrebentando
raízes tão profundas
quanto estes céus brasileiros.
Num alarido de gente e ventania
olhos que amei
rostos amigos tardes e verões vividos
estarão gritando a meus ouvidos
para que eu fique
para que eu fique.
Não chorarei.
Não há soluço maior que despedir-se da vida.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
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