sábado, 25 de julho de 2009

17 Hai-kais de Borges

Trinado ao longe.
O rouxinol não sabe
que te consola.

A espada ociosa
sonha com as batalhas.
Outro é meu sonho.

Daquele dia
não mais movi as peças
no tabuleiro.

Hoje não me alegram
as amendoeiras do horto.
Lembram você.

Sob o alpendre
o espelho reflete
somente a lua.

Algo me disseram
a tarde e a montanha.
Já o perdi.

A noite vasta
não é agora outra coisa
senão uma fragrância

És ou não és
o sonho que esqueci
antes da aurora ?

Calam-se as cordas.
A música sabia
o que eu sinto.

Obscuramente
livros, lâminas, chaves
seguem minha sorte.


No deserto
acontece o amanhecer.
Alguém sabe.

O homem morreu,
A barba não sabe.
Crescem as unhas.

Esta é a mão
que alguma vez tocou
seus cabelos.

Sob a lua
a sombra que se estende
é uma só.

Será um império
essa luz que se apaga
ou um vaga-lume ?

A lua nova
ela também observa
de outro porto.

A velha mão
segue fazendo versos
para o esquecimento.

Copiado do site http://cronopios.com.br
Tradução dos quatro primeiros de Gustavo Felicíssimo
e os restantes, tradução amadora minha.


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