segunda-feira, 7 de junho de 2010
Jacinta Passos
Canção do amor livre
Se me quiseres amar
não despe somente a roupa.
Eu digo: também a crosta
feita de escamas de pedra
e limo dentro de ti,
pelo sangue recebida
tecida
de medo e ganância má.
Ar de pântano diário
nos pulmões.
Raiz de gestos legais
e limbo do homem só
numa ilha.
Eu digo: também a crosta
essa que a classe gerou
vil, tirânica, escamenta.
Se me quiseres amar.
Agora teu corpo é fruto.
Peixe e pássaro, cabelos
de fogo e cobre. Madeira
e água deslizante, fuga
ai rija
cintura de potro bravo.
Teu corpo.
Relâmpago depois repouso
sem memória, noturno.
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João Renato, só agora vi a postagem do poema e da foto aqui. Que bonito ficou!
ResponderExcluirTenho um blogue - "Literatura em vida 2" (http://literaturaemvida2.blogspot.com)-, onde faço análise literária e no qual pretendo postar uma matéria sobre Jacinta Passos. Pesquisando sobre ela, cheguei a seu blogue. Alegrou-me a divulgação da escritora e grande mulher. Parabéns.
ResponderExcluirEliane F.C.Lima