quinta-feira, 15 de março de 2012

Alphonsus de Guimaraens Filho, "Nó"


Por que fizeste de mim um nó?
Por que ao só
adivinhá-lo, sem desfazê-lo,
todo estremeço?

Por que turvei-me
escureci-me
ao iracundo
ruir de muros de um passado
nunca existido?

Dize se estou!
Dize se tudo
não é só
este crespo, irritante nó
em que me torço, em que retorço
a sombra do que fui, buscando
o que era agora e já foi quando,
o que, se salva, nos aniquila,
luz que mais punge quando tranquila,
sol de perdido céu nunca visto,
dor de querer ver além disto,
multicegado?

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