domingo, 4 de março de 2012

João Cabral de Melo Neto, "De uma praia do atlântico"


Se o olhar visse curvo,
como se diz que é o espaço,
olhando a sudoeste
de meu atual terraço,

podia ver além
do zinco ondulado (a água)
tuas praias  de coqueiros
pubescentes, não glabras.

Mas há um outro ver
além do primário (o olho),
porque daqui te vejo
com o ver do corpo todo,

sob a táctil  luz morna,
com espessura de sucos,
de um sol onde se está
como dentro de um fruto.



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