quarta-feira, 21 de março de 2012

Alphonsus Guimaraens Filho, "Segundo soneto dos oitenta anos"


O eterno indagar: porque chegamos?
E na viagem que se segue inquieta
e trepidante, quem em nós secreta
pungir ou alegria indecifrados,

que se fundem, que se esvaem, quando vamos ?
Cada década se esfaz e como pesa,
depois, sentir o ido! O que preza
é algo que veio num rolar de dados.

Mas eis-me aqui, jungido a esse momento
em que tudo é um volver para o já sido
que eu busco em vão nos meus desvãos reter,

vendo que a sombra de um veleiro lento
é tudo o que restou de um cais partido
onde espantoso mar devora o ser.

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