sábado, 10 de março de 2012

Alphonsus de Guimaraens Filho, "Passagem"


Quantos olhos agora
(e no entanto cegos)
me espiam.

Quantas bocas ainda
(e no entanto mortas)
me falam.

Quantas mãos amigas
(no entanto paradas)
me afagam.

Quantos braços, quantos
(já no entanto ausentes)
me abraçam.

Vou por uma rua
que sequer existe
e acolhe

meus passos na cidade
que já é tão outra
num mundo

que já é tão outro
e meu coração oscila
e meu coração

se aflige e há uns cantos
e há vozes e choros
tão outros.

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