segunda-feira, 12 de março de 2012

Jorge Luis Borges, "Em memória de Angélica".


Quantas possíveis vidas terão ido
Com esta pobre e diminuta morte,
Quantas possíveis vidas que a sorte
Daria à memória ou ao olvido !
Quando eu morrer morrerá um passado;
Com esta flor um futuro está morto
Nas águas que ignoram, um aberto
Futuro pelos astros arrasado.
Eu, como ela, morro de infinitos
Destinos que o acaso não me depara;
Busca minha sombra os desgastados mitos
De uma pátria que sempre mostrou a cara.
Um breve mármore vela sua memória;
Sobre nós, vai crescendo, atroz, a história.

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