quarta-feira, 6 de junho de 2012

Miguel Torga, "Jardim da Lembrança"


No jardim da lembrança,
Onde cultivo as flores
Da perpétua e alada primavera,
Nem a terra se cansa,
Nem desmaiam as flores,
Nem o pólen dos sonhos desespera.

Tudo ali permanece
Fiel ao devotado jardineiro,
Que na distância tece
O halo que merece
Cada rosa acordada no canteiro,
Quando o dia das rosas amanhece.

Horto da infância entre areais adultos,
Há nele ainda a sombra de dois vultos
Que debruam de amor a pequena extensão
Desse mundo florido
Onde sempre feliz tenho vivido,
Graças à graça da imaginação.

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