sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Alphonsus de Guimaraens Filho, "Ventava"


Ventava muito. Era a hora
estranha em que luz, se havia,
se misturava à agonia
que, em todos, tudo estertora.

Ventava em dias perdidos,
vidas perdidas...Ventava,
e a noite se dispersava
nos mortos, cegos, feridos.

Ventava nas guerras idas,
guerras de sempre... Ventava,
e o coração abrigava
faces desaparecidas.

Ventava. Ventava tanto
que o mundo convulsionava
a escuridão que ventava
de dor, de sangue, de espanto.

E o coração pressentia
que nada mais o amparava
senão a chama que uivava,
de irrecuperável dia.


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