segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Carlos Pena Filho, "Soneto"


Por trás do musgo silencioso e espesso
que cresce no teu ventre desolado,
nasce um mundo obscuro e inusitado
que eu não sei se mereço ou desmereço.

Sei apenas que às vezes, quando teço
canções noturnas do prazer frustrado,
sou, nem sei porque sombras, exilado
para além do meu fim e meu começo.

Esse teu mundo, concha que é morada
de anêmonas e polvos, é mais raro
que a luz de Deus na noite abandonada.

E é por isso talvez que não se entrega
e me deixa a esperar teu corpo claro
de fêmea esquiva que ao prazer se nega.


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