sábado, 9 de abril de 2016

Ivan Junqueira















"Não vês, meu pai"

Não vês, meu pai, que estou ardendo,
e ardendo é que entro no teu sonho
em busca do que em mim suponho
ser essa luz que vou perdendo?

Não vês que ao pé de ti me ponho
para que saibas como é horrendo
na chama lúbrica ir lambendo
enquanto às trevas me disponho?

Não vês que, morto, estou vivendo
em meio às névoas do teu sonho,
onde sem dor me recomponho
e com teu sangue afim me entendo?

 Não vês, meu pai, que a vida é sonho
e que só nele foi se erguendo
da morte quem a teve, ardendo,
enfim triunfou sobre o medonho?

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