terça-feira, 12 de abril de 2016

Lúcio Cardoso, "Anotação da febre"


Aciona, febre, tua máquina de espanto
e dissolve o sono
antes que ele inaugure
teu epitáfio de uma hora.

Inventa, oh!, inventa um pássaro,
inventa um  pássaro de sangue,
inventa um pássaro enorme
que meu coração obscureça
e nele desate suas folhas
de mortal verão.

Inventa um pássaro de sangue
e que ele subindo
pelas quatro portas do meu ser,
cante, e cante tão alto
que seu canto seja
como o flamejar de um único rubi.

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