quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Luís Antonio Cajazeira Ramos, "Mausoléu"


Minha sala de ícones sagrados
mantém-se aberta para os visitantes.
O pó dos corpos, trajos e calçados
não toca nas redomas cintilantes.

O taumaturgo Deus reluz no centro,
para que todos vejam seu fulgor.
Em cada jarro circundante, dentro,
um venerável ídolo do amor.

Em um, meus pais, sorrindo meigo e terno.
Em outros, cada amigo acena a mão.
Num cálice especial, meu par eterno.

Num canto escuro, a poeira toma assento
junto aos cacos de um velho vaso vão,
de onde escapei, por pouco, há muito tempo.

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