domingo, 11 de setembro de 2016

Ruy Espinheira Filho, "Soneto das mesas"


Convido os irmãos mortos para a mesa.
E mais o pai. E a mãe. E amigos tantos.
Não para reviver coisas de prantos,
pois horas dolorosas nesta mesa

não podem ter lugar. Tem a certeza
do amor com que bordamos nossos mantos
de dias já cumpridos e outros tantos
que são dos reunidos nesta mesa.

Os que se foram, eis que não se foram
de vez. E sempre vêm, quando os convido
ou não convido - jovens, sem tristeza.

Pai, mãe, irmãos, grandes amigos... Douram-me
a alma – enquanto aguardo, comovido,
minha vez de sentar-me à sua mesa.

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