Dos meus retratos rasgados
me recomponho,
com minhas espumas de acaso,
meus solos vivos de fogo.
Muito se sofre.
As doces uvas sabem a enxofre.
Vulcões mordem as raízes
das minhas plantas.
Em barcos postos a pique,
naufragaram minhas lembranças.
Dizei-me por que lugares
que pastores pastoreiam
até sempre estas saudades
a mim mesmo tão alheias.
Muito se pena.
E vimos na areia morrer a sirena.
Procuro pelo meu rosto
o tempo que se desprende.
que agulhas de desencontro
separaram minha gente?
Dos meus retratos rasgados
me levanto.
E acho-me toda em pedaços,
e assim mesmo vou cantando.
Muito se perde:
pela terra negra ou pela água verde.
(Se Deus agora me visse,
abaixaria seus olhos
e ficaria mais triste.)
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