quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
Sóror Violante do Céu, "Ao amado ausente"
Se apartada do corpo a doce vida,
Domina em seu lugar a dura morte,
De que nasce tardar-me tanto a morte,
Se ausente d'alma estou, que me dá vida?
Não quero sem Sylvano já ter vida,
Pois tudo sem Sylvano é viva morte;
Já que se foi Sylvano venha a morte,
Perca-se por Sylvano a minha vida.
Ah, suspirado ausente, se esta morte
Não te obriga a querer vir dar-me vida,
Como não me vem dar a mesma morte?
Mas se n'alma consiste a própria vida,
Bem sei que se me tarda tanto a morte,
Que é porque sinta a morte de tal vida.
Violante da Silveira ou Violante de Montesino nasceu em 1601 e faleceu em 1693.
Passou a chamar-se Sóror Violante do Céu após entrar para um convento de freiras enclausuradas aos trinta anos de idade.
Consta que não exilou-se da vida mundana por vocação, mas para se proteger de sentimentos amorosos que a arrebataram e fizeram sofrer.
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