Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto o poento caminheiro;
Como as horas de um longo pesadelo,
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;
Como um desterro de minha alma errante,
Onde fogo insensato a consumia...
Só levo um saudade - é um desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.
Só levo uma saudade - é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas...
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!
Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz - e escrevam nela:
Foi poeta, sonhou e amou a vida...
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
Álvares de Azevedo, "Tristeza"
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