terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Alexei Bueno, "Tanto por nós..."


Tanto por nós os deuses se interessam
Quanto nós pelos vermes detestáveis
Que rondam nossos pés. Quase os não vemos,
         E, vendo-os, os matamos.

Portanto, nunca aos deuses atribua,
Mortal, o teu claro dia, ou teu suplício,
Já que ambos, quando vêm, não nos vêm deles,
         E nem do fado ao menos.

Pois este é a própria ausência, e a ela se curvam
Os imortais, e o mundo, e os céus, e os homens,
E é bem por nossa sorte que os do olimpo
         Não reinam sobre nós.

Pois se assim, como julga o vulgo, fosse
Desgraças muito mais nós sofreríamos
Pois em nós os de lá descontariam
        Seu tédio, ou sua dor.

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